Com estradas bloqueadas, Bolívia vive escassez de comida e combustível

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Mulher come sozinha em restaurante em La Paz, na Bolívia, nesta sexta-feira (18) — Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo
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  • Post publicado:18 de novembro de 2019
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Moradores de diversas cidades na Bolívia relatam escassez de alimentos e gasolina por causa de protestos contra a queda do ex-presidente Evo Morales, que renunciou ao cargo pressionado pela oposição e por militares após denúncias de fraude nas eleições presidenciais de outubro.

O governo interino da Bolívia disse nesta segunda-feira (18) que os esforços para abastecer La Paz encontra dificuldades devido às barreiras instaladas nas estradas. A nova liderança também enfrenta obstáculos para estabelecer diálogo com os oponentes, principalmente depois da morte de nove apoiadores de Evo em confrontos com forças de segurança no fim de semana.

Furiosos com a repressão armada, partidários do ex-presidente pedem a renúncia de Jeanine Áñez, autoproclamada presidente interina da Bolívia. Vice-presidente do Senado, ela se lançou à liderança do país após as renúncias da linha sucessória de Evo.

Líderes da igreja boliviana anunciaram nesta segunda-feira planos de um diálogo com o enviado especial da Organização das Nações Unidos (ONU) Jean Arnault. Eles esperam a participação de militantes do Movimento ao Socialismo (MAS) – partido de Evo – e disseram que a conversa abordará novas eleições e um novo tribunal eleitoral.

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Sem ter o que vender, mulher cobre banca em feira em La Paz, na Bolívia, nesta segunda-feira (18) — Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo

La Paz fechada

O novo ministro de Hidrocarbonetos, Víctor Hugo Zamora, disse à rede de televisão boliviana ATB que o abastecimento de gasolina enfrenta dificuldades para chegar a La Paz por causa dos bloqueios de manifestantes.
Diversas lojas de La Paz estão fechadas, e as poucas ainda abertas cobram o dobro dos preços normais, relata a moradora Guillermina Chura.

“O que vamos dar às nossas famílias se as coisas continuarem desse jeito?”, questionou Chura.

A vendedora Ana Gonzáles contou ter fechado a banquinha de vegetais que tinha nas ruas de La Paz por não ter nada a vender.

“Vou viver de quê?”, indagou a comerciante.

Ela também diz que Evo, que está no México após obter asilo no país, deve agir para acalmar a situação. O ex-presidente tem condenado o governo interino e dito que foi vítima de um golpe de estado. Além de La Paz, os bloqueios nas estradas também afetaram o comércio de Santa Cruz de La Sierra. Produtores dizem que frutas e outros vegetais estão estragando nos caminhões retidos antes de chegar aos mercados.

Estratégia de Evo

O grupo pró-Evo instalou os bloqueios nas estradas como parte de um esforço para desestabilizar o governo interino, afirmou o analista econômico Alberto Bonadona, professor na Universidade Maior de San Andrés. A Defensoria Pública estima que ao menos 23 pessoas morreram nos protestos violentos desde as eleições de 20 de outubro. Evo declarou vitória após a votação, mas opositores denunciaram fraude e iniciaram grandes protestos.

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Manifestantes favoráveis a Evo Morales protestam em Cochabamba, na Bolívia, nesta segunda-feira (18) — Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo

Uma auditoria internacional liderada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) concluiu que houve irregularidades no processo eleitoral (saiba quais irregularidades foram encontradas). A crise na Bolívia expôs divisões étnicas, raciais e geográficas que muitos pensaram estar superada durante os 14 anos do governo de Evo, que introduziu uma constituição considerada mais inclusiva. Analistas dizem que o movimento para derrubar o ex-presidente partiu da revolta da classe-média urbana contra os esforços do político para permanecer no poder.

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