Fronteira (MS)- A tarde desta quinta-feira (31), foi marcada por tensão entre manifestantes que bloqueiam a faixa de fronteira entre Brasil e Bolívia, e comerciantes que pedem o fim do bloqueio e a imposição de fechamento dos estabelecimentos comerciais nos horários previstos pelos comitês cívicos.
Fontes da imprensa local relataram à reportagem do Folha MS, que havia o medo de que houvesse um confronto entre as partes à exemplo do que ocorre em outras regiões do país, que já registrou inclusive, diversas mortes e feridos em decorrência de enfrentamento entre grupos pós e contrários ao governo de Evo Morales.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que os comerciantes e cidadãos que pedem o fim do bloqueio, caminham pela Avenida Salazar de La Viega, uma das principais de Puerto Quijarro em direção aos manifestantes que se concentram na linha internacional entre Brasil e Bolívia.
A Polícia Boliviana estava presente, mas não foi necessário a intervenção já que apesar da tensão e climas exaltados entre as duas partes, não houve registro de atos de violência ou confronto entre os manifestantes.
“Os comerciantes decidiram recuar a marcha que faziam em direção a fronteira. Havia o receio de um confronto violento já que o número de apoiadores ao bloqueio na região é muito grande. Foi um entendimento entre os representantes dos comerciantes e dos comitês cívicos já que o avanço da marcha poderia ser interpretado como uma provocação e a situação sair do controle”, afirmou uma fonte da imprensa local.
Uma das comerciantes relatou ao Folha MS que os comerciantes não são contrários as manifestação que pede o cumprimento do referendo realizado no país e que decidiu por não liberar a possibilidade de Evo Morales voltar a concorrer para um quarto mandato, mas contrários à forma com que as manifestações estão sendo conduzidas interferindo diretamente no dia-a-dia da população.
“Queremos apenas ter respeitado o nosso direito de trabalhar, temos filhos, temos famílias e sem trabalhar não temos como garantir o sustento de nossas crianças, nem mesmo pagar nossas contas que não deixam de chegar. Sem trabalhar patrões não terão como pagar seus funcionários e eles não terão como viver também, se querem protestar, acho justo, mas não dessa forma, impedindo que cada família tenha como se sustentar”, afirmou uma das manifestantes a favor do fim do bloqueio.
Outra preocupação dos manifestantes que defendem o fim do bloqueio é o desabastecimento dos itens de necessidade básica na região.
“Já começamos a sentir falta de produtos básicos como alimentação e até água doce para beber, como querem ter nosso apoio se não respeitam os princípios básico da necessidade que temos? Viemos aqui em paz, não estamos armados, pelo contrário, conosco trouxemos apenas bandeiras brancas para mostrar que nossa marcha é pacífica e queremos apenas que nosso direito também seja respeitado”, argumentou.