A mobilização dos universitários brasileiros que cursam medicina na Bolívia, foi solicitada na audiência pública realizada ontem, quinta-feira, 31 de outubro, em Corumbá, no sentido de solicitar aos deputados federais e senadores e seus estados, para que sejam favoráveis à Emenda Aditiva à Medida Provisória nº 890/2019, que obriga o Governo Federal a realizar o Revalida, sob pena de sanção.
A Medida Provisória nº 890/2019 que cria o Programa Médicos pelo Brasil deve ser votada até o dia 28 de novembro. Foi o que informou o deputado federal Beto Pereira, proponente da audiência pública para debater o Revalida, juntamente com o presidente da Câmara de Corumbá, vereador Roberto Façanha.
“Todos os estudantes brasileiros que cursam medicina na Bolívia, devem se mobilizar e pedir aos parlamentares de seus estados, que votem a favor da realização do exame. Todos devem estar unidos por esta causa, acompanhar o processo até o fim, fazendo gestão sobre os parlamentares do Mato Grosso do Sul e de seus estados em favor da realização do exame”, pediu Beto Pereira.
Lutar é preciso
Roberto Façanha também solicitou aos universitários presentes para que façam gestão junto aos parlamentares das bancadas federais de Mato Grosso do Sul e de seus estados de origem, para que o Revalida volte a ocorrer no País. “Esta será a oportunidade para os brasileiros que se formam em faculdades do exterior, possam retornar ao seu país e exercer a profissão dentro do Programa Médicos pelo Brasil”, reforçou.
O vereador destacou a realização da audiência que permitiu reunir no Plenário “Dr. Léo de Guimarães Medeiros”, acadêmico de medicina que cursam na Universidade Técnica Privada Cosmos (UNITEPC), em Puerto Quijarro, na Bolívia. “Não há vitórias sem luta. Todos têm que se unir, organizar e pedir. Aqui em Corumbá, temos a Bia (deputada Bia Cavassa) que, com certeza, está ao lado de vocês e vai trabalhar pela realização do exame”, acentuou.
Façanha disse que com o Revalida, todos terão oportunidade de exercer a profissão no Brasil, no país de origem, e que no plenário, estava presente um médico que deve servir de exemplo para todos os acadêmicos. “Ele cursou medicina em Santa Cruz, na Bolívia, retornou ao Brasil, fez o Revalida e, há oito anos exerce a profissão como médico das prefeituras de Corumbá e Ladário. É um exemplo a ser seguido”.
O presidente do Poder Legislativo corumbaense se referiu ao médico Juliano Silva de Oliveira, que cursou medicina na Universidade Cristiana da Bolívia, em Santa Cruz. Em 2011, fez o Revalida (complementação) em Natal, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), quando ainda era um projeto piloto.
Juliano lembrou que foi um exame difícil, que exigiu muito estudo da sua parte. O nascimento do filho foi fundamental para que atingisse seus objetivos. “Estudei muito, inclusive de madrugada. Quando ele acordava, o pegava no colo e com o livro, caminhava pela casa, estudando”.
Passados oito anos, o médico celebra a oportunidade de estar clinicando na região pantaneira, nas cidades de Corumbá e Ladário, por meio de processo seletivo. “Ainda não houve concurso. Vou fazer quando isso ocorrer”, ressalta, aconselhando os acadêmicos que estão cursando medicina na Bolívia, a seguir o seu exemplo: fazer o exame do Revalida e exercer a profissão, contribuindo para a saúde da população.
Estágio
O prefeito Marcelo Iunes participou da audiência, se posicionou amplamente favorável ao exame Revalida que pode ser debatido em um evento que considerou como “iniciativa feliz”. Foi categórico ao afirmar que os municípios brasileiros, principalmente do exterior, “precisam sim de médicos”, e que a Prefeitura apoia a causa.
Marcelo aproveitou a oportunidade para solicitar apoio do deputado federal Beto Pereira para que interceda junto aos órgãos competentes, no sentido de abrir espaços para que os universitários possam fazer estágios nas cidades brasileiras de fronteira.
Disse já ter tentado, por meio de convênios, trazer acadêmicos de medicina que cursam do outro lado da fronteira, para estagiar nas unidades de saúde do Município, mas esbarrou em questões burocráticas.
Presente à audiência, Tácia Cruz representou os acadêmicos na mesa de autoridades. Ela é da primeira turma de medicina da UNITEPC, e aguarda o exame Revalida. Elogiou o curso na Bolívia, onde além de medicina, aprendeu também o espanhol, e conclamou todos a buscar apoio dos parlamentares para aprovação da proposta que tramita no Congresso Nacional. Aproveitou para repassar uma informação ao prefeito Marcelo, sobre estágios de universitários brasileiros que fazem curso na Bolívia, na cidade de Brasiléia, no Acre.
O reitor da UNITEPC, Carlos Ribas Moreno, participou ativamente da audiência que está sendo importante não só para o Brasil, mas para todos os países envolvidos na questão. “Essa é a integração que nós queremos, a educação”, afirmou.
Lembrou que o número de brasileiros cursando na Bolívia ultrapassa 37 mil, e que só na Universidade de Quijarro, são cerca de 370, sem contar os de outros países. Conforme ele, a procura se deve ao fato de que “todos que fazem faculdade lá, na Bolívia, tem capacidade para trabalhar em qualquer lugar, no Brasil, nos Estados Unidos…”.
Favorável
A audiência contou com a presença do presidente da Associação Médica de Corumbá, Sandro Fabi. Ele também é favorável ao Revalida para estudantes brasileiros que se formam no exterior, e que segue a mesma posição do Conselho Federal de Medicina. “Isso é importante para a nossa população, não só do Brasil, como também para o país vizinho”.
Informou ainda que, pela proposta, quem passar no primeiro exame, a parte teórica, terá dois anos de prazo para aprovação no exame prático, tempo importante para o recém-formado se aprimorar mais, e que “o Revalida continue sendo feito pelas universidades públicas”.
A audiência contou também com as presenças dos vereadores André da Farmácia, João Mário, Paulo Bertini e Cristóvão Contador. No plenário, um grande número de estudantes brasileiros da Universidade Técnica Privada Cosmos.