Bloqueio na fronteira provoca queda de 60% no comércio em Corumbá

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Bloqueio na fronteira da Bolívia com o Brasil entrou no sétimo dia nesta terça-feira / Foto: Lucas Lélis - TV Morena
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  • Post publicado:29 de outubro de 2019

O bloqueio da fronteira entre Brasil e Bolívia em Corumbá, a 425 quilômetros de Campo Grande, por conta da onda de protestos contra a reeleição de Evo Morales, chega ao sétimo dia nesta terça-feira (29), com reflexos negativos para brasileiros e bolivianos.

Para impedir a passagem de veículos, os manifestantes fizeram uma espécie de barricada, com entulho e terra. Só é possível atravessar a fronteira a pé. A rodoviária da cidade de Puerto Quijarro, a mais próxima da fronteira com o Brasil e vizinha de Corumbá, não registra chegada ou saída de ônibus há uma semana. Companhias rodoviárias fecharam seus guichês e pessoas dormem em bancos e no chão, algumas há quase uma semana, aguardando para seguirem seus destinos.

Outro reflexo dos bloqueios é a falta de água potável no lado boliviano. Muitos não conseguem ir até o Brasil para comprar. Por isso, um grupo de pecuaristas e empresários brasileiros que moram em Corumbá se reuniu e levou até a fronteira um caminhão com 8 mil litros de água potável para os moradores de Puerto Quijarro.
Para os brasileiros, o impacto maior é do comércio. Segundo a associação comercial de Corumbá, os bolivianos gastam no Brasil cerca de 300 mil reais por dia, mas com o bloqueio, os consumidores estrangeiros praticamente desapareceram, com lojistas apontando queda de até 60% nas vendas.

Os protestos começaram na madrugada do dia 23, alguns dias depois das eleições presidenciais bolivianas. O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia anunciou no último sábado (26) a reeleição de Evo Morales com apuração de 100% das urnas.

O órgão colocou-se à disposição para auditorias, como sugerido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela União Europeia (UE). Por enquanto, o Brasil não reconhece os resultados. A eleição pode dar a Morales seu quarto mandato.

Eleição polêmica

A eleição ocorreu no domingo (20). O processo teve uma polêmica, já que havia dois métodos de apuração: um deles, o preliminar, era mais rápido, enquanto o outro, voto a voto, transcorria mais lentamente.

Os resultados dessas duas formas de contar começaram a divergir já no domingo. Enquanto a preliminar indicava a reeleição do presidente Evo Morales, a voto a voto apontava a disputa de um segundo turno de Morales contra Carlos Mesa.

eleicoes bolivia

Na Bolívia, um candidato pode ser declarado vencedor no primeiro turno se tiver 50% dos votos mais um, ou se tiver 40%, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

A oposição se manifestou – houve acusações de fraude e protestos nas ruas. A Organização dos Estados Americanos publicou um documento em que qualificava a mudança de tendência inexplicável.
A divulgação da apuração preliminar foi suspensa e apenas a voto a voto continuou a ser divulgada.

Na segunda-feira, o ministro das Comunicações, Manuel Canelas, admitiu que o órgão eleitoral errou ao não deixar claro que havia duas contagens paralelas e explicou que a contagem preliminar tinha sido paralisada quando foi notado que havia uma confusão.

Na terça-feira, o vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Antonio Costas, pediu demissão e afirmou que não tinha participado da decisão de interromper o serviço de apuração preliminar.

Ainda com um impasse nos resultados, os protestos cresceram, e Mesa convocou seus apoiadores a manterem uma mobilização constante até que se declare o segundo turno oficialmente.

Ao mesmo tempo, Evo dizia que venceu no primeiro turno e, nesta quinta, mesmo antes do encerramento da apuração, repetia ter ganhado “graças ao voto rural”. Na véspera, ele havia falado que a Bolívia “está em processo um golpe de estado”, em aparente referência aos protestos e à greve indefinida anunciados no país. Ele também afirmou que o país estava em estado de emergência e “em mobilização pacífica, constitucional e permanente”.

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