Um médico foi preso nesta quarta-feira (16) após negar atendimento a uma grávida com pré-eclâmpsia em um hospital público de Naviraí, 360 km de Campo Grande. O profissional, que atua como anestesiologista, teria afirmado que só atenderia a paciente caso conseguisse um salário maior.
Conforme o boletim de ocorrência, no dia 12, o médico também teria tido a mesma conduta ao se negar a atender, afirmando que só trabalharia se conseguisse receber a quantia de R$ 1,8 mil a mais por dia. Na ocasião, os pacientes que precisavam de cirurgia só foram atendidos após o hospital transferi-los para outra unidade.
Nesta quarta-feira, uma grávida com pré-eclâmpsia deu entrada no hospital e novamente o médico não quis atender. O gerente de saúde do hospital procurou um promotor e, por telefone, o gerente ligou para o médico para mostrar ao promotor as inúmeras recusas do anestesiologista.
Ainda segundo o registro policial, quando o médico atendeu ao telefone, o gerente colocou em viva-voz e durante a ligação, o anestesiologista perguntou se o gerente havia conseguido melhorar a proposta salarial. Com o gerente de saúde negando o aumento, o médico voltou a negar a atender os pacientes e supostamente voltou a pedir R$ 1,8 mil por dia.
Ao testemunhar o fato, o promotor acionou o delegado Eduardo Lucena da 1º DP de Naviraí e o médico foi preso no hospital. O irmão do anestesiologista, que é advogado, acompanhou todo o procedimento. A paciente grávida seria encaminhada para um hospital de Dourados.
O boletim de ocorrência foi registrado como concussão, que é o ato de exigir algo para si mesmo, de forma direta ou indireta, antes mesmo de assumi-la. Desta forma, vantagem indevida.
O Jornal Midiamax apurou, conforme o portal de transparência da Prefeitura de Naviraí, que profissionais concursados da mesma especialidade do médico envolvido no caso recebem R$ 5,5 mil de remuneração fixa. O valor é acrescido de plantões e horas extras. O médico preso, no entanto, era contratado pela prefeitura.