Mulher faz rifa para pedir guarda de papagaio que cria há 22 anos; animal foi apreendido pela PMA

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  • Post publicado:31 de julho de 2019
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Uma mulher de 57 anos vai entrar na Justiça para tentar recuperar um papagaio que foi apreendido no último domingo (28), em Campo Grande, após os dois conviverem por cerca de 22 anos. Conforme a família, a ave foi levada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) depois que os militares constataram que o papagaio na possuía registro.

Segundo a filha da mulher, Fabiana Cubilha, de 32 anos, uma rifa está sendo feita para arcar com os custos do advogado para tentar recuperar a ave que está na sede do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), na capital. Conforme Fabiana, Maria de Lourdes Ferreira está inconsolável e problemas de saúde, como a depressão, está se agravando com a ausência do papagaio.

“O Guri como o chamamos, convive com a gente desde pequenino. Ele caiu do ninho em uma fazenda e minha mãe o encontrou. Desde lá eles não se separaram mais.”, explica ao G1.

De acordo com Fabiana, a ave vivia solta no quintal e não tinha asas cortadas. Ela conta que desde que a ave foi levada, a mãe não come direito e está triste. Fabiana que é estudante de psicologia ainda informou que acredita que a Justiça irá conceder a guarda à mãe, pois a ave não teria capacidade de voltar para a natureza, pois quando a mãe ficou uma semana internada, o papagaio ficou debilitado por sentir falta dela.

O advogado da família, Gil Antônio, diz que vai entrar nesta quarta-feira (31) com uma ação judicial e irá acrescentar no processo um laudo do Cras para verificar a situação da ave “Acredito que o papagaio não está muito bem, pois ele era muito apegado a dona Maria”, explica.

Conforme Gil, a Justiça vai decidir se o papagaio volta ou não para a casa da cliente. O advogado ainda afirma que vai anexar laudos que compravam que dona Maria não está bem desde que a ave foi levada: “Ela toma diversos remédios e não consegue nem comer por conta da falta do papagaio.

A Polícia Militar Ambiental (PMA) informou que pela lei brasileira, desde 1967 é proibido criar animais silvestres em cativeiro e que neste caso do papagaio, os militares apenas cumpriram com a obrigação de apreender uma ave silvestre que não tem registro.

Conforme o Coronel Queiroz, a lei de crimes ambientais é clara e dá opção ao responsável pelo animal em devolvê-lo de forma consciente podendo a pessoa não ser penalizada: “Nesse caso, se os policiais não apreendesse o animal que não possuía registro, eles estariam cometendo o crime de prevaricação. O coronel ainda informou que o papagaio está sendo assistido por uma equipe de veterinários e vai aguardar a decisão da Justiça sobre o futuro dele.

De acordo com a PMA, o responsável por manter animal silvestre em cativeiro, a pena pode ser de 6 meses a um ano de prisão. Quando se trata de papagaio, uma ave que está na lista da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), o valor da multa pode chegar a R$ 5 mil e se esse, não constasse em nenhuma lista de animais que correm risco, a multa seria de R$ 500.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), o alto grau de domesticação pode dificultar o retorno de um animal silvestre para a natureza. A escolha da destinação mais adequada só acontece após avaliação clínica, física e comportamental. No Brasil, existe jurisprudência sobre animais silvestres que foram devolvidos aos antigos “donos” quando constatado que estariam em melhores condições no ambiente doméstico do que na natureza.

Arara Jade

araraUm caso de grande repercussão em Mato Grosso do Sul onde a Justiça concedeu a guarda de animal silvestre foi o da Arara Jade que ocorreu no dia 11 de abril, em Campo Grande. Com a apreensão do animal pela Polícia Militar Ambiental (PMA), no dia 23 de julho do ano anterior, Sandra Rocha contratou um advogado.

“O processo correu na Justiça e eu fui acompanhado mês a mês. O juiz deu o último parecer e a guarda definitiva saiu no dia 9 de setembro. Agora, consegui levá-la para casa. Se isso não acontecesse, cabia inclusive multa e eu não sairia sem ela de jeito nenhum”, comentou Sandra.

Conforme Sandra, há pouco mais de 6 anos, a arara foi encontrada em uma fazenda na região de Santa Rita do Pardo, cidade próxima a Bataguassu: “O peão estava de trator limpando a área quando derrubou um toco, e lá dentro encontrou dois filhotes, um já morto e o outro, a Jade, com feridas. Ele a levou para casa, tratou dos machucados e a alimentou com arroz cozido e leite”, contou na ocasião.

“Eu sempre criei calopsitas, amo pássaros e todo mundo sabe. Quando ela já estava melhor, ele procurou a minha mãe e entregou a arara para ela pedindo que eu cuidasse. Foi assim que a Jade entrou na minha vida e se tornou parte da família”, ressaltou.

A dona de casa entende que não poderia ter ficado com a arara, mas diz que à época não teve orientação: “Eu não sabia o que precisava fazer, só sei que ela estava doente e eu cuidei, não podia deixá-la. Agora preciso provar que ela seria mais feliz com a gente do que onde está vivendo”.

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