Mato Grosso do Sul foi o estado brasileiro com maior avanço numa das missões mais desafiadoras da educação básica desta década: o de inserir jovens de 15 a 17 anos no ensino médio. A evolução representa uma economia de R$ 100 mil por estudante ao poder público, por ano, e um ganho de renda para o indivíduo de, pelo menos, R$ 40 mil em sua renda mensal ao longo da vida, apontam os estudos do Instituto Ayrton Senna e do Insper, que usou a base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre 2005 e 2017, Mato Grosso do Sul passou de 81% dos jovens desta faixa etária matriculados no ensino médio, para 89%. Conforme o economista chefe do Instituto Ayrton Senna, e professor do Insper, Ricardo Paes de Barros, o sucesso de Mato Grosso do Sul na inclusão destes jovens na escola deve servir como exemplo ao governo federal e outros estados brasileiros, sobretudo, por causa do impacto econômico e social que esta ação representa. “Isso [incluir os jovens de 15 a 17 anos no Ensino Médio] é uma grande vantagem? Mato Grosso do Sul está provando que sim, que é possível trazer os jovens para a escola, reduzir as taxas de reprovação, abandono e evasão escolar”, argumenta o economista.
Em pouco mais de uma década, Mato Grosso do Sul, que era o estado brasileiro com a menor quantidade de jovens no ensino médio, ultrapassou nada menos que 15 estados brasileiros. “Ainda está em um nível mediano, pois há estados com mais de 90% dos jovens nas escolas, mas não tenho dúvidas que vocês (se referindo a MS) estão no rumo certo”, afirmou Ricardo Paes de Barros.
Conforme as projeções do Instituto Ayrton Senna, Mato Grosso do Sul, se continuar trazendo os jovens para a escola, ultrapassará os outros estados e ficará acima da média nacional já em 2024.
PASSADO EXCLUDENTE
O professor e economista Ricardo Paes de Barros lembra que num passado recente, o Estado se destacou por ter boas notas de proficiência em disciplinas como Português e Matemática, entre os alunos do ensino médio. Segundo ele, o bom desempenho também era reflexo da falta de mais jovens da faixa etária de 15 a 17 anos na escola. “Era um sistema excludente, mais do que no restante do Brasil”, demonstra. Segundo o especialista, a quantidade menor de jovens matriculados possibilitou boas notas ao grupo menor que estava no sistema educacional.
O alto índice de inclusão também gera muitos desafios a Mato Grosso do Sul. O maior deles será justamente o de retomar a boa proficiência de outrora e, conforme Paes de Barros, isso já está acontecendo,e com uma vantagem: a taxa de aprovação e a melhora nas notas, estão caminhando lado a lado.
“O desafio é ser mais inclusivo: aumentar a taxa de aprovação, mantendo sua vanguarda em termos de proficiência. E como conseguir fazer isso? Ampliando a assistência aos alunos que têm mais dificuldade ao longo do ano letivo”, sugere o economista do Insper e do Instituto Ayrton Senna.
EXEMPLO
O mesmo levantamento analisado por Paes de Barros mostra que o Brasil está regredindo no número de jovens fora da escola. “O custo do jovem fora da escola é muito grande. Os governantes de outros estados e o Ministério da Educação têm de olhar para Mato Grosso do Sul, e verificar o que está sendo feito. Entender porque o jovem sai da escola. Não se constrói uma sociedade moderna no Século XXI com jovens e crianças fora da escola”, sentencia Paes de Barros. “O Brasil é riquíssimo em experiências bem-sucedidas, e elas devem ser copiadas”, finaliza.