O médico ginecologista Ricardo Chauvet, flagrado em áudio pedindo propina para fazer uma cirurgia do SUS (Sistema Único de Saúde), foi denunciado por assédio sexual ocorrido em 2015. Durante exame nas mamas de uma paciente, o médico teria feito ela encostar ‘sem querer’ nas partes íntimas dele. A vítima procurou a Delegacia da Mulher em Corumbá, após gravar escondido o atendimento com um celular no dia do exame. O processo que já foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público Estadual) está parado no Judiciário.
Atuante em Corumbá, Ricardo foi flagrado ao cobrar de uma paciente o valor de R$ 1 mil para fazer uma cirurgia de retirada de mioma no útero, mesmo trabalhando e atendendo pelo SUS. A conversa foi gravada e revelada no último fim de semana pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.
Com o caso da propina, veio à tona a denúncia de assédio sexual, ocorrida por duas vezes no final do ano de 2015. A vítima, uma mulher de 32 anos, procurou a delegacia de polícia, pois se sentiu ‘constrangida e com vergonha’ pela maneira com que o médico teria realizado o exame.
Na primeira consulta, no dia 10 de novembro, no Centro de Saúde da Mulher em Corumbá, a vítima contou que ao entrar na sala, o médico pediu para que ela tirasse a blusa e sutiã. Com a parte do corpo de cima despida, o ginecologista mandou que ela ficasse de frente para ele e teria começado a apalpar os seios da paciente para fazer o exame.
Depois, o médico pediu que a mulher ficasse de costas e então, passou a apalpar os seios por diversas vezes – o que levantou suspeita da paciente, já que com outros médicos o exame não teria ocorrido daquela maneira. Neste momento, conforme a vítima, o médico fez com que ela fosse puxada para trás, encostando o bumbum nas pernas e partes intimas dele.
Novamente de frente para o médico, ele realizou o exame nas mamas. Dessa vez, pediu para que a mulher ficasse de costas e com as mãos para trás, dizendo que ela deveria fazer movimento de cima para baixo. Com as mãos para trás, com esses movimentos, a vítima encostava nas partes íntimas do médico.
Conforme as informações que constam no inquérito policial, Ricardo teria pedido para que ela retornasse depois da menstruação e assim a paciente fez. No dia do retorno, 1º de dezembro de 2015, a mulher decidiu gravar o atendimento com o telefone celular – gravação que foi entregue à Polícia Civil. Neste dia, o médico examinou a paciente da mesma maneira que da primeira vez.
Após o atendimento, ele disse que não prescreveria medicamento e ainda relatou que não sabia se a mulher precisaria de cirurgia, nem se o SUS cobriria o procedimento que ela precisava.
Ao sair da sala, a mulher pediu encaminhamento para outro médico, sem relatar os motivos para a atendente. No dia 2 de dezembro de 2015 – dia seguinte ao exame – procurou a polícia. Após abertura de inquérito policial também foi instaurada uma comissão de processo administrativo disciplinar pela Secretaria Municipal de Saúde, no dia 28 de janeiro de 2015, para apurar a conduta do médico sobre os fatos.
Durante inquérito policial, foram ouvidos três médicos que falaram sobre como é feito procedimento do exame nas mamas. Diante das testemunhas e relato da vítima, o inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que já denunciou o ginecologista por violência sexual mediante fraude. O processo, no entanto, ainda não foi recebido pelo Judiciário até esta quarta-feira (17).