Secretaria Municipal de Saúde redobra atenção após casos confirmados de Arenavirus na Bolívia

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  • Post publicado:6 de julho de 2019
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Após a confirmação de três mortes relacionadas a Arenavirus, na Bolívia, doença que tem com principal transmissor ratos e camundongos Silvestres, a Secretaria Municipal de Saúde de Corumbá, emitiu uma nota técnica sobre os casos e providências a serem tomadas dentro da rede municipal de saúde local. ]

Apesar dos casos terem sido registrados a mais de 1660 quilômetros de distância de Corumbá, a grande circulação de pessoas oriundas do país vizinho e o fato da cidade fazer uma fronteira seca com a Bolívia, acendeu o alerta para que profissionais médicos fiquem atentos ao atendimento de pacientes que apresentem sintomas suspeitos.

Confira a nota na íntegra:

NOTA INFORMATIVA Nº01/2019 – SMS/GVS/VE-DT

INFORMA ACERCA DA SITUAÇÃO DE CASOS CONFIRMADOS DE ARENAVIRUS NA BOLÍVIA

1. DO ARENAVIRUS: constituem um gênero de vírus que contém dois segmentos de RNA circular. O vírus tem esse nome porque apresenta pequenos grânulos, que parecem areia (arena em espanhol) ao microscópio.

2. DOS CASOS DA BOLIVIA: Destaca-se que os casos são da região de Caravani, localizado há 161 km de La Paz. Em relação a fronteira Brasil x Bolivia, está em 1970Km de distância de Guajará- mirim/RO; 1.662Km de Corumbá/MS e 1.366Km de Epitaciolândia/AC.

Em 28 de junho de 2019, o Ministério da Saúde do Estado Plurinacional da Bolívia recebeu o relato de 03 casos de Síndrome Febril Hemorrágica devido de uma doença viral de etiologia desconhecida com suspeita de transmissão pessoa a pessoa.

Caso índice: homem de 65 anos, residente do município de Caranavi, departamento de La Paz, com histórico de viagens para o município de Guanay, departamento de La Paz. Com data de início de sintomas em 1º de maio buscando atendimento no Hospital de Caranavi manifestando uma síndrome febril hemorrágica. O caso é atendido por um estudante de medicina, e morre no dia 7 de maio. Este caso, também teve contato com um membro de sua família, um homem de 22 anos (caso 2), que iniciou os sintomas em 29 de maio, desenvolvendo uma síndrome hemorrágica febril e que atualmente está em recuperação. A estudante de medicina (caso 3) que atendeu ao primeiro caso, uma mulher de 25 anos, começou a apresentar sintomas no dia 20 de maio, apresentando inicialmente uma síndrome febril inespecífica que evoluiu para síndrome hemorrágica febril, sendo que no dia 2 de junho ela foi transferida para um hospital de referência na cidade de La Paz e morre no dia 4 de junho. Durante a transferência e manejo clínico da paciente, dois médicos tiveram contato com suas secreções sanguínea, respiratória e gastrointestinal após a realização de procedimentos invasivos (intubação e endoscopia). O médico (caso 5) que realizou o atendimento do caso 3 durante sua transferência do município de Caranavi para a cidade de La Paz em 3 de junho e o gastroenterologista (caso 6) que realizou uma endoscopia de emergência em 4 de junho, começaram os sintomas em 18 de junho, inicialmente apresentando uma síndrome febril inespecífica com fraqueza muscular, mialgias, artralgias e mal-estar, que posteriormente evoluiu para síndrome hemorrágica febril. Ambos estão hospitalizados e foram classificados como casos prováveis. De acordo com as definições operacionais estabelecidas pelo Ministério da Saúde da Bolívia, foram registrados 7 casos suspeitos, destes, 3 tiveram contato com o estudante de medicina em um hospital da cidade de La Paz (2 durante a endoscopia e 1 na unidade de terapia intensiva); 3 são estudantes de medicina que prestaram atendimento médico a casos prováveis; e 1 é filha de um dos casos prováveis. Todos estão sob manejo clínico, observação e isolamento. Em 2 de julho, o Centro de Doenças Tropicais (CENETROP), que é um dos laboratórios nacionais de referência, relatou a identificação de um arenavírus, similar ao vírus Chapare arenavírus na amostra relativa do familiar do primeiro caso que desenvolveu a síndrome Febre hemorrágica e está em recuperação.

3.DOS VETORES: O principal transmissor para os humanos são ratos e camundongos silvestres.

4. DA TRANSIMISSÃO: A transmissão pode ocorrer por ingestão de água e alimentos contaminados por urina e fezes de roedores. A transmissão de pessoa a pessoa pode ocorrer por contato com secreções: urina, fezes, vômito e saliva do doente.

5. SINAIS E SINTOMAS: Após incubação de 05 a 16 dias, surge doença febril de início insidioso com mal estar, lombomialgias, dor epigástrica e retro-orbital, tonturas, fotofobia e constipação. Após 4 a 5 dias, a doença se agrava com síndrome vascular, doença neurológica e hepatite. Nesta fase, o paciente apresenta-se com prostração extrema, dor abdominal, hiperemia conjuntival, rubor em face e tronco, hipotensão ortostática, hemorragia petequial, conjuntival e de mucosas, hematúria, vesículas em palato, linfadenopatia generalizada e encefalite. A síndrome de extravasamento capilar causa pulso fino e choque, acometimento pulmonar e edemas, principalmente em face e região cervical, bem como eleva o hematócrito. Também, surge leucopenia com linfocitopenia e trombocitopenia. A doença neurológica produz hiporreflexia, tremores e outras alterações cerebelares. Convulsões e coma sinalizam mal prognóstico.

6. MORTALIDADE: de 16 a 45%. A doença é mais grave durante a gestação (50 a 92%).

7. DA PREVENÇÃO: recomenda-se a adoção de precauções universais e manter vigilância dos contatos.

8. CONCLUSÃO: devido à fronteira seca entre Corumbá e a Bolívia, é necessário que haja uma atenção maior com os pacientes oriundos da Bolívia, que apresentem sinais e sintomas condizentes com a infecção por Arenavírus.

Vigilância em Saúde

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