Boas estradas, com a manutenção permanente realizada pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos); água nos campos com o prolongamento da cheia, aumentando o avistamento de animais; e período de florada dos ipês e do tarumã e renovação da fauna. Razões de sobra para arrumar a mala e visitar o Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá, onde ainda se pode pescar nos rios Miranda, Abobral, Negro e Paraguai.
A Estrada-Parque que cruza esse santuário, criada em 1993 como área especial de interesse turístico, é uma antiga estrada boiadeira hoje cascalhada pelo Governo do Estado e trafegável o ano todo.
“Em nenhum outro governo se deu tanta atenção às nossas estradas do Pantanal como agora”, afirma Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá, ao falar dos benefícios que a facilidade de transporte proporcionou a pecuária, um dos eixos da economia local, e ao turismo, atividade explorada também por muitas fazendas. “Sem estradas, não tínhamos como garantir o pacote vendido ao turista”, atesta o empresário João Venturini Junior.
Estrada com visão cênica
Hoje, visitar e contemplar a rica biodiversidade desse lugar pode ser feita inclusive em carros de passeio, sem riscos de buracos e atoleiros. A Agesul realiza manutenção periódica na estrada e atualmente executa o cascalhamento do último trecho de areia da MS-184, próximo à Curva do Leque (entroncamento com a MS-228). O Estado também executa o revestimento primário em 40 km da MS-228, no sentido ao centro do Pantanal, investindo R$ 8 milhões.
O alargamento da pista da Estrada-Parque, outro serviço realizado pela Agesul, ampliou a visão do motorista, principalmente em relação às margens, reduzindo os riscos de impactos e atropelamentos de animais que cruzam a via com frequência, como cervos, capivaras, jacarés, cobras e até a onça-pintada, cuja incidência aumentou na região com os programas de conservação da espécie. O cuidado deve ser redobrado nas pontes, onde passa apenas um veículo.
“Sempre fui a favor de abrir a estrada, que era um túnel, devido a concentração da mata, ocasionando acidentes e muita poeira”, pondera o empresário João Venturini, 70, pioneiro em turismo na Nhecolândia. “Além de maior segurança, quem trafega pela estrada hoje tem uma visão cênica mais ampla do Pantanal, com maior campo para um safári fotográfico ou focagem de animais. Sem falar que reduziu os atropelamentos de animais em mais de 80%, diz ele.
Vida selvagem se renova
O acesso fácil, mesmo com o prolongamento da cheia, é um estímulo para quem aprecia a natureza visitar essa região do Pantanal. A concentração da água nesse período do ano, margeando a Estrada-Parque, não é normal. As fortes chuvas de abril e maio aumentaram os níveis dos rios Aquidauana e Miranda, os quais saíram da calha e inundaram as savanas em direção ao Rio Paraguai. A água não interrompe a estrada e renova a vida no bioma.
O processo hídrico muda o comportamento dos animais, que se concentram nas lagoas, corixos e vazantes em busca da farta alimentação. De cima das pontes de madeira é possível fisgar uma piranha ou observar a movimentação de ariranhas e jacarés. O mês de julho é ideal para visitar a Estrada-Parque, que dispõe de excelente estrutura de hospedaria e atrativos turísticos, como cavalgada, observação de pássaros, safári fotográfico e focagem noturna.
Entre julho e setembro, o avistamento da fauna é mais perceptível devido ser um período de acasalamento e nidificação. As araras-azuis acompanham o visitando pela estrada e pode serem vistas em dezenas na Pousada São João, a 28 km do trevo da MS-184 com a BR-262 (Buraco da Piranha). Época também da migração de aves da Patagônia, como os talha-mar e as andorinhas, em busca de abrigo, alimentação e temperatura amena para se reproduzirem.
O rio está bom para peixe
Outra opção de entretenimento na região é a pesca amadora, que está liberada até novembro. O segundo semestre do ano é a última oportunidade de captura, com cota permitida de cinco quilos, mais um exemplar e cinco piranhas. A partir de janeiro de 2020, decreto assinado pelo governador Reinaldo Azambuja estabelece a cota zero, proibindo o transporte do pescado pelo pescador esportivo. A maioria das pousadas e pesqueiros já praticam a pesca sem captura.
Um dos polos pesqueiros atrativos é o Porto da Manga, vilarejo situado na margem do Rio Paraguai, no centro da Estrada-Parque. Habitado por 45 famílias que vivem da captura de iscas vivas, Manga vivenciou o apogeu dos saladeiros, no início do século XX, e foi visitado por grandes caçadores de onça, como o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt. “Hoje é uma região pouco valorizada”, comenta o comerciante Delson Pereira, 55.
O cascalhamento das MS-184 e MS-228 pelo Governo do Estado, segundo o antigo morador, que ali chegou para trabalhar de isqueiro em 1990, vai melhorar muito o Porto da Manga, impulsionando principalmente o turismo, seja de pesca ou de contemplação. “Nosso comércio vai crescer, aumentando o número de visitantes e também o movimento nos leilões de gado”, aposta Delson. “Temos hotéis e ranchos para pesca e os rios estão bons de peixe”, garante.