A investigação policial sobre participação de um delegado e um investigador da Polícia Civil de Corumbá, na execução de um boliviano dentro de território brasileiro em fevereiro deste ano, vem revelando a dinâmica de como ambos agiram desde o dia da execução, para tentar esconder as evidências do crime.
Após interceptações telefônicas com autorização da justiça, a Polícia descobriu que o investigador Emmanuel Nicolas Contis, teria falsificado um atestado médico em favor de seu comparsa, o delegado Fernando Araújo da Cruz Junior, para que ele pudesse se ausentar do trabalho na delegacia e se deslocasse até a Bolívia, onde teria atuado no sentido de apagar evidencias que o ligasse ao crime que está sendo investigado.
Ambos são apontados como autor e partícipe na execução de Alfredo Rangel Weber, dentro de uma ambulância no dia 23 de fevereiro, na rodovia Ramão Gomez em Corumbá.
Investigações apontam que o delegado foi o autor direto do crime, ao entrar no veículo de resgate e disparar contra a vítima depois de ter o esfaqueado em uma associação de pecuaristas no país vizinho. Alfredo estava sendo trazido para o hospital de Corumbá devido a gravidade de seus ferimentos, quando a ambulância teria sido interceptada.
A partir daí o delegado junto com o investigador, montaram uma verdadeira rede de conspiração para tentar atrapalhar as investigações iniciadas pela corregedoria assim que foram apontados indícios da participação dos acusados no crime.
Conversas encontradas nos celulares dos acusados revelaram ainda que a dupla contava com a ajuda de autoridades do alto escalão da Polícia boliviana para despistar as investigações da Polícia sul-mato-grossense. O sumiço da provável arma calibre 357 usada por Fernando para executar o boliviano foi tratado pelos dois em conversas no WhatsApp.
Os registros mostram que o investigador levou a arma para Fernando até a Bolívia, onde escondeu e alterou características do cano, visando dificultar ou impossibilitar o exame de confronto e micro comparação balística com o projétil extraído do corpo da vítima. Além disso, Contis recomendou que o delegado saísse em horário de expediente para ir à Bolívia, para fortalecer a rede de “contrainteligência”.
A esposa de Fernando, Silvia Aguilera, era advogada de uma das principais testemunhas e a orientava em seus depoimentos, para que o crime jamais fosse comprovado. O inquérito tramita na Corregedoria da Polícia Civil.
Plano de Execução
Por meio da quebra do sigilo telefônico, foi descoberto que Fernando e Contis planejam execução de policiais, tinham conhecimento de cada passo dado pelos investigadores e, inclusive, eram acobertados pelas autoridades da Bolívia consultadas pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
Em uma das mensagens, Contis ameaça explodir a delegacia de Corumbá. “Jogar uma granada na 1 DP no dia do plantão”, disse. “Cruze, CRV e Palio. Carros que […] estão usando. Alugaram uma kitinet no Maria Leite. Quando tu volta, temos que acompanhar de perto os passos deles”, responde o delegado, demonstrando estar a par das ações policiais. O investigador, por sua vez, disparou. “Vamos metralhar esses fdp”.
*Com informações Midiamax